Com melancolia recebi a notícia de que a revista Rolling Stone não chegará mais às bancas todos os meses a partir de agosto – veja aqui. No meu caso particular, ela deixará de chegar em casa, já que sou assinante da publicação desde sua primeira edição e tenho todos os exemplares desses 12 anos.

Fiquei triste, mas não dá para dizer que me causou surpresa. Como entendo um pouco do mercado editorial, percebi que a revista estava com seus dias contados. Os anúncios rareavam, as edições com menos páginas, um único repórter assinando vários textos em cada exemplar. A decadência se mostrava, bastava o leitor atento perceber os sinais.

Novamente, me encontro órfão de uma publicação que se aprofunde no universo do entretenimento. Já havia passado por isso quando a revista Bizz, da qual eu também era assinante, por duas vezes cerrou as portas.

Sei que devem existir um milhão de sites com propostas semelhantes e textos legais. Sei que o talento continua existindo por aí na internet. Mas não é pra mim. Não me satisfaz como uma publicação impressa. Sou um cara do século XX. Eu gosto de papel. Eu gosto de revista. Eu gosto de carregar, riscar, sublinhar, destacar e guardar depois de ler. Com altíssima probabilidade de nunca mais abrir a revista na vida, mas é assim que eu gosto. E todas que compro vão para minha estante.

Quando prestei vestibular para jornalismo na Universidade Federal de Goiás, há 20 anos, foi com o sonho de trabalhar em impresso. Mais especificamente, nesse tipo de publicação como a Rolling Stone. Na época, meus sonhos profissionais eram a Bizz e a Ilustrada da Folha de São Paulo. Se hoje o grosso de minha subsistência vem de assessoria de imprensa, rádio e internet aqui no O que Rola, foram coisas que pintaram pelo caminho da vida. Não estavam no meu plano original.

As bandas não lançam mais discos. Os livros vão ficando escassos. Os periódicos estão morrendo. As bancas de revista fecham nas esquinas da cidade. Gibi agora é coisa de livraria – que também estão em crise. Nem cheguei aos 40 anos de idade e já sinto um tremendo deslocamento do mundo de hoje. Odeio discordar do saudoso Luiz Melodia, mas as maravilhas contemporâneas não estão com nada. Se fosse lançado hoje, o clássico de 1976 poderia se chamar Depressões Contemporâneas. Estaria mais adaptado à realidade.

Pablo Kossa é jornalista, produtor cultural e mestre em Comunicação pela UFG.

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