Uruguai e Egito jogaram ontem uma partida morna pela primeira fase da Copa do Mundo. Poucas chances da equipe celeste e um gol de bola parada no finalzinho. Vitória que garante os três pontos, mas não apaga o desempenho decepcionante uruguaio. Como também não diminui e a excepcional atuação do goleiro árabe, El-Shenawy. Apesar desse desempenho destacável do arqueiro, ele não foi a grande atração do jogo. Quem as pessoas queriam ver estava no banco de reservas. Nunca imaginei que um jogador egípcio chamaria tanta a atenção mundial. A verdade precisa ser dita: Mohamed Salah é o cara.
Sou um cara esquisito e sempre torço para seleções latinas contra qualquer outra do mundo afora. Argentina incluso. Não há espaço no meu coração para a rivalidade estimulada por Galvão Bueno. Fui um dos poucos brasileiros (o único?) que torci pelo time de Lionel Messi na final da Copa de 2014 contra os alemães. Hoje foi diferente. Torci pelo Egito. E o culpado disso é Salah.
Tenho profunda admiração pelo estilo uruguaio de jogo. A simbiose perfeita de raça e talento. E que dupla fenomenal de atacantes tem nossos vizinhos… Cavani e Suárez são de encher os olhos. Mas o carisma de Salah supera toda a simpatia que nutro pelo Uruguai.
Além de jogar muita bola, sua história de vida é um exemplo. O cara doa parte de seu salário todos os meses para promover a solidariedade em sua cidade natal, Nagrig. Escolas, hospitais, equipamentos clínicos… Ele se sente compromissado com sua comunidade, o que é louvável.
Além disso, o sacrifício quando garoto para treinar e se tornar jogador de futebol merece destaque. Digno de Charlinho, personagem icônico do grupo de humor Hermes e Renato. Tem que ser muito estoico. Tem que ser muito abnegado. Tem que ser predestinado. E Salah é tudo isso. Impossível não se tornar fã do cara.
Na terça-feira, o Egito volta a campo para enfrentar os anfitriões do torneio. Tomara que Salah tenha condições físicas (maldito Sergio Ramos!) para jogar a partida contra a Rússia. Seria muito bom vê-lo atuando. Ele merece a chance de mostrar seu talento. E nós, público, merecemos admirar suas qualidades. A Copa do Mundo só ganha com Salah jogando.
