Este 25 de julho movimentou Goiânia com um ato público realizado em comemoração ao Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e ao Dia Nacional de Tereza de Benguela. A praça da Vila Cultural Cora Coralina foi tomada por mulheres e homens negros e não negros, além de crianças e adolescentes, para somar à luta por igualdade de direitos.
Com cartazes e carro de som, dezenas de mulheres negras protestaram na Avenida Tocantins, fazendo intervenções no trânsito e distribuindo panfletos com mensagem “Contra Racismo e o Sexismo, e pelo Bem-Viver – Mulheres Negras Movem o Mundo”. O ato político, organizado pela Rede Goiana de Mulheres Negras, teve como principal foco o debate sobre a violência sofrida pela mulher negra no Brasil, que aumenta a cada ano.
“O Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha é o reflexo da nossa organização para o enfrentamento coletivo contra o racismo. É um momento que coroa essas possibilidades de organização das mulheres negras, como o Encontro Nacional de Mulheres Negras, que será realizado em Goiânia, em dezembro. Hoje reunimos essas mulheres, representando várias entidades, mulheres, estudantes, donas de casa, homens, crianças, nesta praça, que é simbólico e significativo porque é o momento em que a gente mostra para a sociedade que estamos prontas para a luta”, afirmou Ieda Leal, coordenadora Nacional do Movimento Negro Unificado (MNU).
Conforme a coordenadora do Núcleo de Estudos de Gênero, Raça e Africanidades (NEGRA) do IFG, professora Janira Sodré, é preciso questionar os motivos que levam à persistência da vulnerabilidade das mulheres negras.
“Dentro do conjunto da cidadania brasileira, as mulheres negras são as que têm os piores índices de desenvolvimento humano, as maiores desvantagens sociais, enfrentando a discriminação de gênero, de raça e estatisticamente enfrentando a discriminação de classe. É uma discriminação tripla que no cotidiano afeta o acesso a bens em geral, sejam bens materiais, renda, salário, desemprego, consumo, acesso a crédito”, comentou Janira Sodré.
O ato público também contou com apresentações culturais de mulheres negras, dançarinas e poetas, além da presença de diversas representantes de entidades que atuam na consolidação e maior visibilidade da luta contra opressão de gênero e de raça em relação às mulheres negras.
Encontro Nacional de Mulheres Negras
Com a data marcada para 6 e 9 de dezembro, o Encontro Nacional de Mulheres Negras de 2018 marcará 30 anos de luta por direitos iguais e combate ao racismo. Nesta edição, o evento será realizado em Goiânia e contará com a presença de cerca de mil pessoas, representantes de organizações nacionais de todas as unidades da federação.
História
O 1º Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-Caribenhas foi realizado em 25 de julho de 1992, em Santo Domingo, na República Dominicana, ocasião em que foi fixado o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, como marco mundial da luta e da resistência da mulher negra.
A data também celebra o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, instituída pela Lei nº 12.987/2014. Tereza de Benguela, representante de todas as mulheres negras, nasceu no século XVIII e chegou a chefiar o Quilombo do Piolho, também chamado de Quariterê, nos arredores de Vila Bela da Santíssima Trindade, em Mato Grosso.
Sob o comando de Tereza, houve o crescimento de uma comunidade sustentável, de forma militar e econômica, que acabou incomodando o governo escravista. A comunidade foi atacada pelas autoridades da época e Benguela foi presa. Por se recusar a viver sob o regime de escravidão, Tereza preferiu a morte e se suicidou.
Foto Thaís Dutra