Os times goianos começaram 2018 tentando apagar um 2017 decepcionante. O Atlético/GO tentava se recuperar de um nocaute impetuoso já telegrafado ainda no primeiro turno da última Série A. O rebaixamento era só questão de tempo.

O esmeraldino flertou em vários momentos com a Série C. Hélio dos Anjos capitaneou um Goiás que fez uma temporada desastrosa. O cenário político e da gestão de futebol do clube estava jogada às traças, com a esperança dos salvadores da pátria do inesquecível time de 1999. Afinal de contas, além de Silvio Criciúma, que assumiu o clube duas vezes durante a temporada passada, a diretoria de futebol ainda contou com Harlei e Túlio Guerreiro. Tudo isso além do próprio Hélio, comandante naquela ocasião.

Cinco trocas de técnico e um presidente que renuncia em meio ao mandato. Não há milagreiro que faça essa receita dar certo.

O Vila Nova, ainda virgem na elite do futebol brasileiro, surpreendeu com o competentíssimo Hemerson Maria. Sedimentou-se no G4 durante todo o primeiro turno, e mesmo após a contratação de vários jogadores para o ataque, nenhum deles conseguiu desempenhar a tarefa precípua de uma partida de futebol: fazer gols. A falta de experiência na gestão de uma reta final de campeonato pesou para que o Tigrão da vila famosa amargasse mais um ano no quase. A última vez havia sido com Túlio Maravilha e companhia.

O primeiro trimestre era bem desanimador. Campeonato goiano com nível técnico fraco, vencido pelo Goiás. Rodadas iniciais de um Vila oscilante, com um Atlético titubeante e com sua defesa-peneira. O Goiás, por sua vez, estava decidido a pedir a Série C em namoro em vez de apenas flertar.

Chegou a Copa do Mundo, mas a Série B não parou. Enquanto a Rússia concentrava as atenções dos fãs de futebol e da grande mídia, o trio da capital goiana continuou sua peleja. E pode-se dizer que, melhor impossível: além da invencibilidade de ambos, liderança no “período da Copa”. Goiás e Atlético somaram 13 pontos enquanto o Vila somou 11. E as aspirações já começaram a mudar.

O Goiás trocou o bombeiro Hélio pelo oxigenado Ney Franco. O bom tempo sem trabalhar parece ter feito bem ao treinador que reposicionou Giovani dentro de campo e vêm contando com um inspirado Michael. Acertou a zaga que ganhou reforços experientes além do dinâmico Felipe Gedoz para o meio campo. O verdão tem cara e é muito veloz no contra-ataque.

A aposta na permanência em Hemerson Maria se mostra muito acertada ao Tigre. As conversas de “perdeu o vestiário” e “os jogadores querem derrubar o técnico” já eram ouvidas nos corredores. Com uma defesa que já era consistente, o Vila ganhou mais poder de finalização e aumentou sua artilharia, apesar de ainda ter a pedra no sapato que é pontuar dentro de casa. A 3a colocação pode ser ameaçada caso esses pontos não comessem a ser somados. A série B não aceita esse tipo de desaforo.

O Atlético deixou de ser uma peneira em sua defesa, e conta com um Júnior Brandão goleador além de um Pedro Bambu que deu mais poder de marcação ao meio campo. Tencati, que também estava na corda bamba, tem que ter sequência. Bastam ver os seus seis brilhantes anos diante do Londrina/PR.

Hoje começa a 17a rodada. Hora de sedimentar o caminho rumo a Série A. Se essa é a ambição, nada melhor navegar na onda do bom momento e somar pontos. Em um campeonato em que nenhum dos 12 grandes times brasileiros esta participando, a oportunidade é única para o sonho do acesso.

Os times goianos já pediram a Série A em casamento, por enquanto, só rola o noivado. Até o casamento tudo pode acontecer. E, como já disse, a Série B não aceita desaforos.

João Paulo Daher

 Advogado e cronista esportivo.

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