Luis Felipe Scolari está de volta ao futebol brasileiro. Na última quinta-feira, o Palmeiras acertou o retorno do treinador gaúcho em sua terceira passagem pelo clube.
Impossível referir-se a Felipão sem a lembrança do fatídico 7 a 1 sofrido para a Alemanha no Mineirão na semifinal da Copa do Mundo de 2014.
Impossível também não rememorar o inesquecível pentacampeonato mundial de 2002, além do belíssimo trabalho em Portugal e das passagens brilhantes por Grêmio e no próprio Palmeiras.
Nos últimos anos Scolari, após uma passagem pelo Grêmio, viveu no ostracismo de países como Azerbaijão e a China. Fica sempre difícil analisar os resultados desportivos nestes centros, já que o nível de competitividade é uma contradição de uma liga nacional fraca, com jogadores locais em nível baixo, com contratações milionárias de técnicos e jogadores que buscam a resolução da vida financeira ad eternum.
O resultado não traz nenhum parâmetro de competência.
Mas essa dita contradição é a descrição de Felipão.
O carismático bigodudo e o entrevistado turrão. O “paizão” e o chefe implacável. O vencedor e o ultrapassado. O que “fala muito”, mas que não se comunica bem com os jogadores.
Mais do que as dúvidas que pairam em sua competência, o treinador terá que assumir um time que respira o flashback da receita que o deixou 15 anos sem títulos.
Após a chegada do Messias (leia-se Paulo Nobre), que injetou dinheiro do próprio bolso e juntamente com a nova patrocinadora máster recuperou o prestígio e a autoestima dos palmeirenses com títulos, o clube vive o barril de pólvora com um cenário político aonde o antigo dirigente Mustafá Contursi questiona a relação da atual patrocinadora com o Palmeiras.
Dentre rejeições de contas e carta ao presidente questionando os balancetes financeiros feitos pelos vices, eis que ficam ressabiados os olhares palestrinos a interesses escusos que a patrocinadora, que tem sua presidente já como Conselheira, em tese teria com tamanho envolvimento na política do clube.
Não se sabe se esta novela ganhará contornos policiais, mas, dentro de campo, numa releitura das criativas nomenclaturas das Operações Policiais, Felipão terá uma operação dura, em um clube que sofre problemas de gestão e planejamento, já que seu jeito de trabalhar e sua filosofia de jogo contém claras diferenças com seu antecessor, Roger Machado.
O nome já está escolhido: Operação Croácia. Afinal de contras chegou ao final da Copa sem planejamento algum. Liga nacional fraca, falta de investimento em categorias de base, técnico contratado há 6 meses do Mundial. Classificação no sufoco na repescagem. No futebol, nem sempre o planejamento e o trabalho executado com profissionalismo rendem resultados satisfatórios. E essa e a missão de Scolari.
Pinta de xerife ele já tem. E que comecem as delações premiadas.

João Paulo Daher
Advogado e cronista esportivo.