Matéria publicada hoje no jornal O Popular, escrita pela repórter Cristiane Lima, mostra que a insegurança na Avenida Bernardo Sayão é um fantasma muito mais amedrontador que as lendas dessa sexta-feira 13. Comerciantes relatam que, somente na última semana, ao menos cinco estabelecimentos foram vítimas de furto. Uma loja teve o azar de ser invadida duas vezes numa mesma madrugada. É prejuízo em cima de prejuízo.
A decadência da avenida mais famosa da Fama vem de alguns anos. Os problemas de (in)segurança pública se somam à falta de clientes. O público das confecções migrou para a região da Rua 44. A Bernardo Sayão se transformou em uma triste sequência de placas de “Aluga-se”. Para mim, passar pela Bernardo Sayão é sempre melancólico.
Vivi os dias de auge da avenida. Morava no baixo Setor Aeroporto, ao lado do Setor dos Funcionários. Tenho uns primos que estudaram no Colégio Gonçalves Ledo. Meu avô os levava à escola e eu pegava uma carona para não ter que caminhar até o ponto de ônibus na Bernardo Sayão. Embarcar no Campinas/Fama/Câmpus, o famoso 174, era meu objetivo. Para ganhar tempo, tomava café da manhã por ali. Em alguma lanchonete ou no Supermercado Marcos.
O movimento era uma loucura. Gente para cima e para baixo. Ônibus de excursão, rapaziada carregando sacolas gigantes na cabeça, ambulantes lhe importunando… Para um transeunte como eu, atrasado para a aula de Teoria da Comunicação do querido Joãomar Carvalho, aquilo era vivenciar o inferno de Dante. É claro que os comerciantes pensavam o contrário.
Tempos depois, no primeiro ano de casado, morei por um ano no Urias Magalhães. Dava a volta onde quer que fosse para evitar passar pela Bernardo Sayão. Pegar a avenida significava perder tempo. O trânsito dali tiraria do sério até mesmo o Dalai Lama.
A situação hoje é bem diferente. Quando preciso ir a Campinas, vou pela Bernardo Sayão. Sei que não haverá congestionamento. Na verdade, não haverá nada. Só lojas com a porta cerrada.
Compreendo que os pontos de fluxo de uma cidade migram com o passar do tempo. A Anhanguera e todo Setor Central enfrentaram a decadência. A Avenida 85 já viveu dias melhores. Mesma coisa com a Praça Tamandaré.
O desafio da Bernardo Sayão é se reinventar. Se não é pelo comércio de roupas, alguma alternativa deve ser pensada. E se eu tivesse uma sugestão, juro que colocaria aqui nesse texto.