Começou. O que antes era para rolar de forma velada, agora ganhou a rua de verdade. Seja no mundo real ou virtual, você já deve ter topado com alguma propaganda eleitoral, alguma sequência de números, alguma foto sorridente cheia de Photoshop. Estamos no período da chamada festa da democracia. E é melhor separar o Engov para evitar desagradáveis ressacas.

Mas aqui, entre amigos, posso ser sincero: a farra já está rolando há tempos. A tal da pré-campanha é mais uma das hipocrisias tipicamente brasileiras. Criamos jeitinhos de fazer o que queremos, mesmo que a lei diga o contrário de forma expressa.

Os exemplos são fartos. A maconha é corriqueira no Brasil, embora a lei a proíba. O aborto é corriqueiro no Brasil, embora a lei o proíba. O voto facultativo é prática comum no Brasil, embora a lei o coloque como obrigatório. E assim seguimos a vida, sem maiores dramas existenciais.

Com a campanha eleitoral, acontece o mesmo. Para a lei, a coisa só teve início ontem. Na prática, já está na nossa cara há meses. Você já deve ter visto adesivos de candidatos colados em carros, passado por outdoors com nomes de pessoas que pleiteiam seu voto, posts patrocinados de gente que quer que você digite aquele certo número no dia 07 de outubro. Tudo ao arrepio da lei, tudo escancaradíssimo. Ninguém rubra a face para defender a moralidade e fazer campanha extemporânea. This is Brasil.

Apesar disso tudo que eu falei aí em cima, algo que não posso deixar de reconhecer é que, a partir de agora, o assunto vai se massificar. As eleições entrarão como tema central em círculos sociais e rodinhas de conversa onde antes era tema meio que en passant. E não estou falando do grupo de WhatsApp do bairro, onde aquele seu vizinho chato pra cacete fica compartilhando memes de candidato troglodita. Estou falando da vida real. Da resenha depois do futebol, do papo da fila da padaria, da rodinha do intervalo de aulas.

E por mais que digam que o eleitor isso ou aquilo, esse tipo de abordagem do cotidiano é fator de definição do voto. Logo, se você está engajado em algum projeto político, não desperdice essas oportunidades para tentar ganhar apoio para quem é merecedor de sua simpatia. Sabe como é, no cavalo arreado a gente tem que montar.

O apito soou. A bola começou a rolar. Vamos conhecer quem erguerá a taça somente em outubro. Até lá, vamos ficar de olho. E, por via das dúvidas, segure sua carteira.

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