Aconteceu ontem na Rádio Interativa FM o primeiro debate entre os candidatos ao Governo de Goiás. Os cinco principais nomes que disputam o Palácio das Esmeraldas questionaram-se entre si entre meio-dia e duas da tarde, para a avaliação do ouvinte. Tive a oportunidade de ser um dos mediadores e observar o que acontece e que não vai ao ar. Segue abaixo algumas situações inusitadas e minha análise sobre a performance de cada candidato.

– O momento mais cômico do debate foi quando Kátia Maria, candidata pelo PT, disse que não estava à vontade com a espuminha do microfone em que falava nas cores azul e amarelo, afirmando que preferia a vermelha. José Eliton, que também estava com um microfone de espuminha vermelha, disse que, no seu caso, era uma homenagem ao Vila Nova. O outro microfone de espuma vermelha era o de Ronaldo Caiado que, prontamente, se dispôs a trocar de espumas com Kátia. Troca feita, Kátia ficou com sua espuminha de microfone vermelha.

– O acordado entre as equipes dos candidatos era a presença de somente dois acompanhantes para cada um. A regra foi solenemente desrespeitada. No início do programa, solicitei para que se retirassem as pessoas que estavam além da cota. Fui atendido. Logo depois, o senador Wilder Morais, candidato na chapa de Ronaldo Caiado, entrou no estúdio sem a permissão de ninguém da organização do debate. Claro que isso gerou uma discussão entre os assessores que estavam de fora e a equipe da rádio. Quando acabou o primeiro bloco, reiterei, sem citar nomes, a norma de somente dois assessores para cada um. Wilder cumprimentou os presentes e rapidamente saiu do estúdio.

– Em uma réplica, Wesley Garcia, disse que daria um óleo de peroba para a cara de pau de José Eliton. A assessoria do governador pediu direito de resposta, pois considerou isso uma agressão. Eu e José Luiz concordamos que seria justo. Ao passar a bola para José Eliton, o governador disse que não precisava de resposta e que aquela fala de Wesley fazia parte do jogo democrático.

– Num intervalo, a filha de Wesley Garcia, a pequena Sofia, entrou no estúdio e se sentou no colo do pai. Ronaldo Caiado, que estava ao lado de Wesley, engatou um papo com a baixinha. Conversa que seguiu inclusive depois de terminado o programa.

Agora minha análise sobre a performance de cada um dos candidatos em ordem alfabética.

Daniel Vilela – tentou se equilibrar entre propostas e ataques aos seus principais adversários, Eliton e Caiado. Estabeleceu ligação entre ambos, os chamando de criador e criatura. Achei ele tímido nos questionamentos. Daniel poderia intensificar essa relação entre os oponentes e ser mais incisivo nas críticas. Contudo, por ser o primeiro debate, esses ataques podem ser só aquecimento para o que vem adiante.

José Eliton – foi quem mais apanhou. E de forma democrática, de todos os candidatos. Está bem preparado, com os números dos 20 anos de Tempo Novo na cabeça e os cita com segurança. Contudo, o desgaste natural das duas décadas no comando de Goiás parece pesar nas costas do candidato. Se ele não jogar a bola pra frente e parar focar nas realizações passadas, suas chances de êxito são remotas.

Kátia Maria – cumpriu bem seu papel de manter a visibilidade do nome do Lula em Goiás. Não poupou críticas aos adversários e, sempre que possível, evocou a bonança dos anos da administração nacional do PT. Joga o jogo conforme lhe foi proposto.

Ronaldo Caiado – líder nas pesquisas de opinião com índices que hoje lhe dão a vitória no primeiro turno, o senador entrou em campo jogando pelo empate. Caso fique tudo como está, ele liquida a fatura já em 07 de outubro. Falou com calma, em alguns momentos até monocórdio, tentando transmitir serenidade. Terminou o debate no zero a zero, o que, para ele, é uma grande vitória.

Wesley Garcia – exerceu seu papel de franco atirador como o esperado. Distribuiu caneladas e fez as críticas que julga pertinente. Wesley fala bem e tentou encantoar os demais candidatos em contradições pessoais e partidárias. Perguntou a Caiado sobre trabalho escravo, a Daniel sobre os governos passados do PMDB e bateu nas organizações sociais de Eliton. Tudo conforme o script.

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