Flamengo e Vasco fizeram um clássico recheado de “meras coincidências” que ilustram o momento atual dos dois times.
O Vasco, campeão de rebaixamentos, já se aproxima de mais um drama para este fim de ano. Resultado de administrações criminosas, acumula a receita para fechar as portas. Dilapidação de patrimônio, briga política, golpes de poder. A famigerada urna 7, objeto de demanda judicial durante as eleições de janeiro por supostamente conter sócios que sequer estão vivos entre os habilitados a votar, já trazia o prefácio do que seria o 2018 do Gigante da Colina.
Como um enfermo que sucumbe na UTI, o Vasco teve uma discreta melhora desportiva classificando-se à fase de grupos da Libertadores após desbancar alguns favoritos. Após, mergulhou na crise que seu turbilhão político já anunciava. Campello, aliado de Eurico, veio para refrescar um pouco a imagem do desgastado ditador, embora seja seu ventríloquo de luxo.
A ambulância teve de entrar em campo. O Vasco, seja por um motivo ou outro, é sempre caso de emergência.
A fase se traduz dentro de campo. Mesmo jogando melhor, o cruzmaltino empatou graças a um gol contra bizarro de Luiz Gustavo. Não há estrutura psicológica que aguente tamanha pressão e tamanho azar. O mesmo jogador que há poucos dias foi abordado e ameaçado por torcedores. Os nécios acreditam que esse tipo de expediente de terror dá resultado.
Com tantos atributos políticos, nada mais oportuno do que realizar o jogo em Brasília/DF.
O Flamengo, a ilha de responsabilidade financeira no futebol do Rio de Janeiro, também ainda parece tropeçar no aspecto de gestão do futebol. O “milagre econômico” de Bandeira de Mello virou modelo no Brasil todo, fortalecendo ainda mais uma equipe com tanto potencial econômico. Tudo azul na admistração, mas tudo vermelho ainda dentro de campo.
A ambulância volta a ser uma metáfora do lado rubro-negro. O tranco após o empurrão dos jogadores é a imagem do futebol do Flamengo. Capenga, se afundou em decisões precipitadas para montagem do elenco. Antes se colocou a culpa em Rodrigo Caetano. Após, a melancólica saída de Guerrero e a sina dos atacantes que não fazem gol. O técnico, antes bancado pela diretoria, já sente o baque de não ter “as costas quentes”. Do bestial ao besta, sem cerimônias.
Ah, sobre o jogo, uma montanha russa de emoções. Primeiro tempo dominado pelo Vasco. Jogo franco no segundo. Destempero emocional dos dois lados. Expulsão de Diego. Arbitragem confusa. Flamengo e Vasco vão precisar afinar uma terapia para concluírem o ano de 2018 sem um surto.