O Palmeiras trouxe Felipe Melo no ano passado sob os olhares desconfiados de torcedores e imprensa. Polêmico, o meio campista que ficou marcado pela expulsão infantil na Copa do Mundo de 2010, também coleciona títulos e passagens marcantes pela Itália e Turquia. Misturados aos seus devaneios caninos, estão jogadas técnicas e lançamentos precisos. A qualidade de passe sempre foi uma marca de seu futebol.

Logo em sua primeira entrevista, resolveu mostrar os dentes pra fora. Ladrou bastante. Parecia precisar de uma focinheira. Prometeu tapa na cara de uruguaio, menosprezou os repórteres. Nascia ali a dinastia de um jogador que seria feroz e irresponsável como um pitbull, ou clássico e elegante com a bola nos pés como um Golden Retriever.

Ao longo destes 18 meses de palmeiras, 18 cartões amarelos e 2 expulsões, sendo uma que o tirou da partida decisiva do Campeonato Paulista. A outra, mais recente, logo aos 3 minutos de partida, quase fraturou a perna do jogador paraguaio e quase também custou a classificação do alviverde as quartas de final da Libertadores.

Felipe Melo está suspenso das próximas partidas das competições mata-mata que o Palmeiras irá disputar. Quando mais se precisa, ele apronta suas cachorradas.

De outro lado, está o jogador diferenciado. Na partida do último domingo contra a Chapecoense, fez um cruzamento perfeito para o gol de Hyoran, parecendo até um cão adestrado fazendo o circuito com perfeição. Deu chapéu e orientou seus companheiros dentro de campo. Teve mais liberdade pra chegar ao ataque já que Thiago Santos, o Rottweiller, fez o papel de primeiro volante.

O Palmeiras quer este jogador. O líder, o técnico, o viril porém não desleal.

O verdão quer que esse pitbull vire “Lassie”, e que comece a fazer sua qualidade técnica aparecer nos jogos decisivos. E não a trava de suas chuteiras.

João Paulo Daher

 Advogado e cronista esportivo.

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