O futebol brasileiro passa por um paradigma de gestão. Corrupção maquiada pelos excelentes resultados dentro de campo nos anos 90 e começo dos anos 2000, a farra dos contratos de publicidades fez a CBF uma “mina de ouro” para aventureiros, inclusive da classe política, enxergarem ali uma lavanderia de luxo.

Os últimos 3 presidentes foram condenados. Coronel Nunes, herdeiro do trono a revelia, exala amadorismo e até traços de demência.

Recentemente protagonizou uma comédia pastelão na votação da sede para a Copa do Mundo.

A CBF não cuida do seu produto maior e muito menos do seu mercado consumidor. As medidas são as mesmas e ineficazes, e a violência nos estádios afasta o verdadeiro torcedor.

E o calendário é uma verdadeira piada.

As datas FIFA, já previamente estabelecidas no começo de cada temporada, implicam na convocação dos principais jogadores das seleções, desfalcando os clubes. A CBF fez questão de marcar partidas decisivas da Copa do Brasil em meio a um inócuo amistoso contra El Salvador, acredite se quiser.

Diante do pedido do Flamengo para mudança da data (Lucas Paquetá se apresentou na seleção) para a primeira partida da semifinal contra o Corinthians, alegou-se prejuízo ao torcedor. Um sarcasmo gritante para uma entidade que não faz cerimônia em mudar datas sem aviso prévio aos clubes.

Os estádios da Copa, em sua maioria elefantes brancos superfaturados, acumulam despesas. O Maracanã tem um gramado deplorável. Os times das Séries C e D não possuem apoio logístico, nem tampouco amparo da Confederação.

O futebol é reflexo do momento político brasileiro. Um extremismo, acompanhado de um maniqueísmo intragável entre o “bem e o mal” que apenas prejudicam e criam um clima hostil. Tudo isso reverbera na arquibancada. Em campo, neste fim de semana, muito mais empurrões e discussões dentro de campo do que gols. Muito mais bate-boca do que bom futebol. É preciso parar e refletir qual a mensagem que se quer passar.

O efeito não é restrito ao Brasil, mas tem escala mundial. A FIFA também passa por uma caça as bruxas, assim como CONMEBOL. Já que o efeito “Lava Jato” tomou conta do mundo, que ele venha pra trazer mais moralização ao futebol.

CBF não pode ser indicação política, deve ser técnica. Os jogos não podem ser campos de batalha, e sim um lugar para que jogadores técnicos se sobressaiam.

João Paulo Daher

 Advogado e cronista esportivo.

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