Chegamos ao cenário que se desenhava há algum tempo. De acordo com a pesquisa Ibope divulgada ontem pelo Jornal Nacional, encaminhamos para um segundo turno entre Jair Bolsonaro e Fernando Haddad. O cenário mais provável é que você vá à urna com ódio no coração.

Quem você odeia mais: Bolsonaro ou o PT? A resposta dessa pergunta decidirá a eleição presidencial de 2018. O que é terrível para o Brasil. O ódio nunca foi um bom conselheiro.

Não debatemos projetos, planos ou perspectivas. Ficamos patinando naquilo que mais nos afronta e não pensamos o jogo adiante. Não tenha dúvidas: independente de quem ganhe o pleito de outubro, 2019 será um ano duríssimo. Tanto sob a perspectiva econômica quanto sob a de estabilidade da democracia. Um baita corredor polonês.

Temas centrais como as reformas política, previdenciária e tributária estarão eivadas de irracionalidade por conta da fúria contra o resultado das urnas. Não haverá espaço para discutir geração de emprego, por exemplo. Preocupante.
A rejeição de Bolsonaro se estabilizou acima dos 40%. A de Haddad, a medida em que ele vai se tornando reconhecido como candidato do Partido dos Trabalhadores, está numa crescente. Bateu em 29% na pesquisa de ontem. A probabilidade que esse número se alargue no próximo levantamento é real.

Geraldo Alckmin e Marina Silva desidrataram. Bolsonaro cresceu em cima dos votos tradicionalmente tucanos, Haddad tirou de Marina os eleitores que reconheciam nela o legado lulista. Ciro Gomes está estagnado. Seu voto mostra resiliência dentre o eleitor de centro-esquerda decepcionado com os caminhos trilhados pelo PT. Mas, aparentemente, isso é insuficiente para levá-lo ao segundo turno.

Na fotografia da última pesquisa Ibope, a cena está levemente favorável a Haddad. O petista está em empate técnico com o militar reformado, mas sua curva tem ascendência acima da margem de erro. Bolsonaro, por sua vez, está estagnado. Se o próximo levantamento do instituto apontar Haddad na frente do candidato no minúsculo PSL, a virada estará em estágio de consolidação. Ficaria difícil para o direitista reverter essa curva.

Essa eleição está se revelando um grande teste para cardíacos. Consulte seu cardiologista, pois até o final de outubro as emoções serão grandes.

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