Adaptação do conto de Oscar Wilde, o espetáculo “O Príncipe Feliz” será apresentado neste sábado (6/10) no Bosque dos Buritis às 17 horas e na segunda-feira (8/10) às 19h30 no Teatro Cidade Livre, em Aparecida de Goiânia. A peça foi apresentada duas vezes na última semana no Teatro SESC. Com casa cheia nas duas sessões, essas apresentações deram início à circulação da peça que depois passou pela Associação de Serviço à Criança Especial de Goiânia e pelo Ponto de Cultura Raio de Sol, em Aragoiânia. Encenado por Rita Alves e Caco Rodrigues, a peça será apresentada, por fim, em Trindade.

O projeto “Um conto, dois encontros…” é financiado pela Lei Goyazes e tem como proposta promover o encontro do público com o espetáculo tanto no teatro, como fora dele. Ir do centro à periferia, contemplando diferentes públicos. Guiado pela ideia de descentralização cultural, o projeto contempla apresentações em espaços alternativos atingindo, assim, comunidades que não têm acesso a atividades culturais artísticas.

Utilizando-se da linguagem da “palhaçaria” e do teatro de animação, os atores vão falar do encontro entre uma artista de rua que quer o estrelato e está a caminho da cidade do Show Business, com a estátua do Príncipe feliz, que é feliz apenas no nome. Longe dos muros do palácio, foi colocado em um pedestal e pôde contemplar todo o sofrimento de seu povo. Dele se apieda, por ele é mortificado, mas que nada pode fazer para minorá-lo. Para falar deste encontro, o elenco trabalha com comicidade, drama e poesia.

A peça

O espetáculo é uma livre adaptação do conto “O Príncipe Feliz” de Oscar Wilde, escrito em 1888. Mais de 130 anos depois, o conto expressa tamanha atualidade ao falar da natureza humana e de suas máscaras mais primordiais. “Estamos num período de muita polaridade, onde a capacidade de se deixar afetar pelo outro se colocar no lugar do outro, está cada vez mais difícil. Existe uma idealização do que é ter sucesso, ser uma pessoa realizada, uma pessoa que “chegou lá”. O espetáculo, assim, faz um convite ao expectador a se perguntar o que realmente importa para si”, adianta Rita Alves, responsável pela adaptação do conto à dramaturgia.

A plateia pode esperar, assim, um espetáculo onde há o poético, o drama e o cômico para falar do humano. “Queremos, assim, tocar o expectador para que ele possa acessar “lugares” que na correria pela sobrevivência esteja meio esquecido”, comenta Rita. Nas apresentações no Teatro SESC o público também terá acesso a uma instalação, idealizada por Leticia Mastrela, estudante de arquitetura e aspirante a cenógrafa. A ideia, com a instalação, é colocar o expectador em contato com elementos que dialogam com o espetáculo, preparando sua percepção para recebe-lo.

Rita Alves, para adaptar o conto ao espetáculo também usou outros dois contos de Oscar Wilde: “O Rouxinol e a Rosa” e “O Aniversário de Infanta” que, juntamente com o texto deRutebeuf- Pregão das Ervas do sec. XIII, alguns trechos de poesia de Fernando Pessoa e a poesia “O Bicho” de Manuel Bandeira compõe toda a dramaturgia do espetáculo. A encenação ficou a cargo de José Regino de Oliveira, ator e diretor graduado pela Fundação Brasileira de Teatro.

O elenco

Caco Rodrigues já participou de mais de dez espetáculos, entre eles o goiano “Lágrimas de Guarda Chuva”, o paraense “Orfeu”, Hamlet, no Rio de Janeiro e “Íntima”, em Minas Gerais. Já atuou em oito curta-metragens e dois longas: “Reviravoltas” (RJ) e Brisa Rara (RJ). Rita Alvesparticipou de dezenas de cursos e oficinas ligadas ao fazer teatral e passou por mais de 20 festivais regionais e nacionais, como Festival Nacional de Teatro de Porangatu e Festival de Teatro de Minas. Desenvolveu figurinos e adereços para espetáculos teatrais e hoje é atriz convidada do grupo Arte e Fatos, e integra o elenco dos espetáculos “Lágrimas de Guarda Chuva” e “Os Avessos”, ambos dirigidos por Danilo Alencar. É vencedora de mais de 10 prêmios, como de melhor atriz, melhor figurino, melhor texto, melhor direção no XVI Festiminas (1996) e Melhor atriz – X Festival Nacional de Teatro de Anápolis (2016).

Sinopse

O Príncipe Feliz, é uma estátua que foi colocada na praça da cidade em homenagem ao Príncipe Feliz após a sua morte. Ao ser colocada na praça, a estátua, que antes vivia rodeada pelos muros altos do palácio e não podia ver para além deles, vê e contempla a miséria do homem e se sentido impotente diante de tanto sofrimento se entristece. A estátua está ali a mais de séculos, e neste tempo viu a cidade sendo abandonada aos poucos pelos seus habitantes que se dirigiam as grandes cidades em busca de melhores oportunidades, deixando a cidade quase deserta. Mesmo a cidade estando quase deserta, toda noite o Príncipe a contempla, do alto de seu pedestal, observando os poucos moradores que ali ficaram, e na sua impotência diante de toda a miséria de seu povo, chora.

Em um dia, ao cair da noite, surge Diadorinha, uma palhaça em busca do estrelato, que quer chegar na cidade do Show Business e se tornar uma grande estrela. Procurando um lugar para descansar ela se depara com a estátua do Príncipe Feliz, e resolve passar a noite ali. No meio da noite Diadorinha acorda pensando que está chovendo quando percebe que é a estátua que chora. Após equívocos e estranhamentos o Príncipe vê, em Diadorinha, a possibilidade para amenizar um pouco o sofrimento de alguns moradores da cidade, fazendo de Diadorinha sua mensageira. Assim, o Príncipe doa o rubi de sua espada para uma mulher que está com o filho doente, um de seus olhos que são safiras raras para um homem que mora na rua e vive a comer restos e o outro para uma menina que vende doces e deixou todos caírem na sarjeta. Diadorinha também ameniza a tristeza do Príncipe, fazendo para ele uma apresentação com um boneco corcunda.

Quando o Príncipe fica cego, Diadorinha, que estava sempre de partida, decide ficar com ele para sempre. Os dois estabelecem uma relação pautada pela poesia e a palhaçaria que vai durar até o final do espetáculo com o Príncipe pobre e nú, pois, doou também todo ouro que existia em seu corpo estátua. Neste momento, Diadorinha vai vesti-lo com sonhos, uma linda capa bordada com todos seus sonhos.

 

Serviço:

Apresentações de “O Príncipe Feliz”, com Rita Alves e Caco Rodrigues no Bosque dos Buritis e no Teatro Cidade Livre, em Aparecida de Goiânia

Faixa etária: Acima de 10 anos.
Duração: 60min.
Entrada: gratuita

Bosque dos Buritis
Data: 8/10
Horário: 17 horas

Teatro Cidade Livre, Aparecida de Goiânia
Data: 10/10
Horário: 19h30

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