Não tenho dúvidas que tenho mais manias que do que fios de cabelo na cabeça. Com a avançar da idade, a distância entre esses polos competidores só aumenta. O cabelo escasseia, as manias se proliferam. Disputa injusta.

Cada mania surgiu em determinado contexto de minha vida. Como cara apegado que sou, podem mudar inteiramente as circunstâncias que levaram tal mania a aparecer, mas ela permanece comigo. Como diz a música dos Paralamas do Sucesso, aonde quer que eu vá, levo você. No olhar, no andar, no comer, no vestir…

Hoje vou me ater nas manias que envolvem meu guarda-roupa. Já é assunto suficiente para uma crônica de internet. Para falar de todas manias, seria necessário um livro. Grosso. Daqueles que pouca gente anima a ler.

No meu armário, só entram cabides brancos. Acho esteticamente bonito o padrão uniforme de todos de uma única cor. Por que branco? Não tenho a menor ideia. Acho que é por que quando morava na casa de meus avós, a maioria dos cabides era branco. Em dado momento, eu quis uniformizar. Mas pensei nessa hipótese agora. Não sei se tem vínculo com a realidade ou foi algo que criei ao escrever esse texto só para justificar minha mania.

Todos os cabides (brancos) ficam virados no mesmo sentido. A abertura do gancho fica apontada para o fundo do guarda-roupa. Tenho um piripaque se algum estiver ao contrário. A razão dessa mania eu sei explicar sem ter que criar uma teoria, como fiz para justificar o padrão branco.

Em dado momento de minha vida, eu viaja com frequência. Quase toda semana, pegava a estrada por motivos profissionais. Virei um especialista em arrumar e desfazer malas. Tinha que pegar certas camisetas e eu odiava quando um cabide prendia na hora de tirar várias peças. Por isso, padronizei como o jeito de colocar os cabides.

As camisetas são distribuídas em três categorias. As de sair, as de trabalhar e as de ficar em casa. Sempre quando pego para guardá-las, cada uma em sua categoria, coloco-as no lado esquerdo. Sempre quando pego para usar, separo a última do lado direito. Isso me facilita a vida. Não fico pensando na roupa que vou usar para cada situação. O acaso escolhe para mim. Isso me poupa tempo. E também faz com que minhas peças tenham um desgaste mais uniforme, pois existe uma lógica de uso distribuída de maneira mais ou menos igual. Isso me poupa dinheiro.

Se loucura fosse ouro, eu seria bilionário. E olha que só falei da parte das camisetas. Não entrei nos pormenores das gavetas de cuecas, meias, das calças, bermudas, bonés… Acho que fui até modesto quando falei que minhas manias dariam um livro. Tenho material suficiente para fazer uma série de vários volumes. Difícil é arrumar quem animaria ler sobre a doideira alheia. Cada um que cuide da sua, né?

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