Sei que você não vai acreditar, mas sou desses que frequenta academia. Meu shape não diz isso. Meus hábitos não dizem isso. Mas é verdade. Vou lá duas vezes por semana para ver se demoro mais a morrer. Esse é meu único objetivo ao frequentar aquele ambiente. Não tenho ambições maiores.

Como bom senil que sou, não mexo com drogas pesadas como crossfit. Tenho muito amor às minhas articulações para cometer tamanha insanidade. Faço pilates.

Caminhada, hidroginástica e pilates. A santíssima trindade dos exercícios que gente com a idade avançada como eu deve fazer. Desses, só falta me falta a movimentação aquática. Quem sabe em 2019…

Findado o mês de novembro, o quantitativo de presentes na academia caiu demais. Sem perguntar na secretaria e confiando no instituto mais errado de todos, meu olhar, estimo um público 50% menor. Culpa de dezembro.

A verdade é que malhar no mês do Natal é prova de estoicismo. O compromisso não é com a saúde ou bem-estar, como nos demais meses do ano. O que lhe move àquela suadeira infernal é, antes de tudo, moral. Você tem que provar para você mesmo que não sucumbe ao clima contínuo de confraternização que envolve o último mês do ano.

Todo dia tem uma festa, um encontro de amigos, uma reuniãozinha, uma confraternização, um almoço… Sempre com generosas porções de comida, as mais gordas possíveis. Sempre com generosos acompanhamentos etílicos, com várias garrafas na mesa. Se não for para fazer direito, nem me chame.

Quem tem cabeça para pensar em academia com tantos compromissos muito mais prazerosos na agenda? Eu. Tenho certeza que você não contava com essa resposta.

Mas sou exceção. Na última aula de pilates, era o único na sala que normalmente tem seis alunos. Não posso dizer que achei ruim. Gosto de ter todos os equipamentos ao meu dispor, sem ter que esperar alguém terminar um exercício para minha vez. A aula rende mais sem as tediosas, porém necessárias, interações sociais mínimas.

A academia vai entrar em recesso entre o Natal e o ano novo. Depois, vou pegar 10 dias de férias. A minha experiência mostra que, em janeiro, o povo volta com tudo para a malhação. É o sonho de corpo bonito para o Carnaval. Com isso, meu sossego vai embora. Tenho só mais uma semana para aproveitar os momentos de paz enquanto me estico tudo naqueles malditos equipamentos.

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