A maneira que nos alimentamos, o que escolhemos comer, as quantidades, os momentos e as companhias são decisões tomadas no modo “piloto automático” que constroem, dia a dia, nosso hábito alimentar. E a alimentação não se trata apenas de comida, é uma atitude que envolve nosso estado social, emocional e fisiológico. Por sua importância, o ato de comer não nos dá apenas energia para realizar nossas tarefas, mas afeta de maneira direta nosso estilo de vida. Em vista disso, o conceito de mindfulness (atenção plena ao presente) chegou também à alimentação e pode ajudar não apenas quem precisa emagrecer, mas qualquer pessoa que busca qualidade de vida.

Junto ao sono, a alimentação afeta toda a regulação do organismo e também a disposição, as relações sociais, a produtividade e concentração no trabalho, o humor, a qualidade de vida, a prevenção de doenças e a manutenção do peso ideal. E esse peso não tem a ver com estética, mas com saúde. Segundo a médica endocrinologista, Fernanda Braga, o emagrecimento definitivo é consequência de um processo de mudança de comportamento alimentar e não o contrário. É preciso entender porquê comemos, o quê comemos, em quais contextos, porquê exageramos, quais são os gatilhos que influenciam negativamente em nossa alimentação.

“A mudança de comportamento alimentar gera mudança de peso privilegiando a saúde e o prazer em comer. Porém, mudar nosso comportamento requer disciplina e consciência, e é isso que a atenção plena na alimentação pode criar. A repetição diária após 21 dias ajuda a criar um novo hábito de forma sustentável. Para se alimentar de maneira consciente é preciso aprender a escutar os sinais do corpo e não ter medo de falhar porque o estilo de vida saudável nada é além de uma habilidade adquirida com esforço e disciplina”, afirma a médica.

Quem quer emagrecer sabe que essa não é uma tarefa fácil, por isso 95% das pessoas que fazem dietas restritivas voltam ao peso normal em dois anos. Isso porque o peso não é apenas a soma de calorias consumidas e gastas, ele é regulado também pelo nosso cérebro e quanto mais dietas restritivas se faz, mais compulsão é gerada. É preciso abandonar a mentalidade de dieta e buscar soluções mais eficazes como aprender a comer melhor, respeitar os sinais de fome e saciedade do corpo, aprender que não existe alimento proibido no contexto certo e comer de tudo. Por isso, para ser saudável é preciso manter atitudes alimentares positivas, relaxadas, confiantes, confortáveis e flexíveis para criar hábitos saudáveis sem sofrimento, melhorando a relação emocional do indivíduo com a comida.

“A felicidade pode ser nutrida e cultivada dentro da nossa rotina, com as experiências e vivências cotidianas e como escolhemos ter momentos para dedicarmos um tempo com algo que nos dê prazer. A atenção plena pode potencializar e gerar alegria e prazer em usufruir da comida escolhida, do preparo, do momento e das companhias envolvidas. Com a prática frequente de comer atento é possível transformar a relação com a comida e a forma como se alimenta”, finaliza Fernanda.

Comente

X