Até o mais ferrenho bolsonarista admitirá que não esperava tantas más notícias com o governo de Jair Bolsonaro ainda cheirando a novo. O pedido de Flávio Bolsonaro por foro privilegiado está latejando na cabeça do séquito de fãs do “talquei”. Daquele nicho que inundou grupos de WhatsApp campanha afora em prol do capitão. Não era para ter sido tão prematuro.
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Sérgio Moro concorda com isso. Ele não é ingênuo. Não trocou Curitiba por Brasília sem ter noção de onde estava se metendo. Tinha consciência de que teria que aceitar um pedido de desculpa de Onyx Lorenzoni aqui, passar um pano para um Bolsofilho acolá. É do jogo. Sabia que a política, como bem ensinou Leonel Brizola, é a arte de engolir sapos. O problema é que, em certas circunstâncias, o anfíbio é tão grande que entope a traqueia.
 
Quando Luiz Fux impediu ontem o prosseguimento da investigação pelo Ministério Público fluminense acerca do motorista do deputado estadual e senador eleito pelo Rio de Janeiro por questões de competência, colocou um baita problema no colo do mais popular nome da Operação Lava Jato. Como Moro vai lidar com isso? Logo ele, que sempre condenou a “porcaria” do foro privilegiado, adjetivo dado por Jair para essa possibilidade jurídica.
 
Circula por Brasília a informação que o ex-juiz não aguentaria mais duas bombas como a protagonizada ontem por Flávio Bolsonaro e pediria as contas. Seria uma estratégia de um técnico que não suportou o pesado jogo da política.
Também há quem avente uma possibilidade distinta. Moro começaria a provocar desgastes com o presidente. Contrariaria ordens, colocaria na pauta assuntos que incomodem o Palácio do Planalto, daria entrevistas mais contundentes explicitando seu descontentamento. Jair Bolsonaro seria obrigado a colocar a caneta Bic para trabalhar e exoneraria o ministro. Nesse caso, Moro se despiria de vez da fantasia de técnico, servindo ao Governo por meio do Ministério da Justiça e Segurança Pública, e se assumiria como agente político. O que, de fato, já o é.
 
A segunda hipótese daria a Moro potencial de manter o figurino de paladino da moralidade. E, claro, o colocaria como virtual candidato para 2022. Só vendo, de longe, o previsível naufrágio da nau bolsonarista. Tudo maquiavelicamente planejado.
 
E aí, em qual dos caminhos possíveis para Moro você apostaria?

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