Pôster da turnê brasileira do Dead Kennedys no Brasil

Você deve ter topado aí pelas timelines da vida com o cartaz promocional da turnê do Dead Kennedys no Brasil. Se não, o poster está ilustrando esse artigo. Uma obra-prima do alagoano Cristiano Suarez. Vale se atentar a cada detalhe do trabalho que sintetiza com maestria o ethos do nosso país atualmente. 

classe média brasileira, que transformou a camisa da Seleção Brasileira em ícone político reaça, está bem retratada. Sanha armamentista, símbolos cristãos. Todos cidadãos de bem. E os pobres… Bem, sempre tem outros pobres dispostos a meter 80 balas em carro cheio de pobre. Com gente assim dando as cartas na política, estamos feitos.

Pena que a banda californiana não honrou tanto talento e perspicácia de leitura de mundo que Cristiano mostrou. Também não honrou a própria história. Deu argumento para as viúvas que tanto falam que Dead Kennedys sem Jello Biafra não é Dead Kennedys. Vergonha alheia demais a nota oficial da banda querendo se ausentar do debate e da responsabilidade que é ser o Dead Kennedys. Postura frouxa. Banda bunda mole.

O cartaz de Cristiano vendeu mais a turnê do que qualquer outra mídia faria. Todo mundo falando da banda, todo mundo compartilhando o cartaz, trending topics rolando. Ou seja, ainda vale investir na arte provocativa, que diz algo de verdade.

Pena que os Dead Kennedys não pensam mais assim. Impossível não lembrar que esses caras têm no currículo um clássico da envergadura de Fresh Fruit for Rotten Vegetables. E um grande álbum, um tanto quanto subestimado pela crítica, que é o Bedtime for Democracy.

Dead Kennedys sai desse episódio muito menor do que entrou.

PS: Um detalhe que merece destaque é que Cristiano Suarez é autor da capa do álbum de estreia da banda goiana Desert Crowes. Vi um show deles no último sábado em Anápolis e a banda está afiada no palco. Vale sua audição.

Capa do álbum de estreia da banda goiana Desert Crowes

 

 

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