A Diablo Pub vai fechar as portas nesse final de semana. Viva a Diablo!

A casa que marcou época na balada goianiense por sete anos deixa a noite com seu dever cumprido com louvor. Ao longo desse período, histórias de vida foram alteradas por conta de sua existência. Toda casa noturna carrega em sua alma o que ali aconteceu. E na Diablo, sério, aconteceu tanta coisa que um livro seria pouco para contar.

Casamentos, filhos, divórcios, reencontros, comemorações, tretas, vexames, sorrisos, lágrimas, sexo… Experiências mil.

Tudo isso está na conta da Diablo para um monte de gente que viveu ali o que tinha que ser vivido. E trouxa de quem não vive o que de melhor essa vida miserável que levamos pode oferecer. Você pode perder qualquer coisa nessa vida, menos tempo. A Diablo foi para quem não queria perder tempo.

Sei disso tudo por que estive lá semanalmente durante mais da metade de sua existência. Por uns quatro anos, fui residente da Diablo. Ou na sexta, ou no sábado, lá estava eu com minha discotecagem maluca tocando o terror na casa do Setor Sul. Até o diabo, sem trocadilhos, duvida de tudo que já vi e vivi por ali.

Durante um tempo, a Diablo, junto do Metrópolis e do El Club, deram as cartar no que tínhamos de mais legal na noite goianiense. Ocupavam uma posição de vanguarda. Os tempos hoje são outros. Tudo muda muito. Nem sempre pra melhor. Sem nostalgia, apenas constatação.

O Metrópolis é a única casa dessas três que continua no mercado. Novos donos, novo perfil. Tudo certo. Vida longa ao Metrópolis!

Essa cena do Setor Sul é fruto da efervescência da cena rock da cidade, dos festivais independentes. O Martim Cererê é o pai dessas casas. Os donos das três se formaram frequentando o espaço cultural que moldou o conceito de juventude alternativa de Goiânia por mais de uma década.

Túlio e Japão, dois caras que têm no rock sua escola, após a experiência de bons eventos realizados no estúdio em que eram sócios, o República, resolveram abrir uma casa para eventos. Os shows ainda motivavam gente a pagar ingresso – eram outros tempos. O Metrópolis nasce como uma continuidade do Martim Cererê.

O El Club nasce no Metrópolis, com uma vertente mais eletrônica e conceitual. A Diablo nasce no Metrópolis, com o fim da sociedade entre Túlio e Japão, quando o segundo opta por focar mais no rock em sua nova casa, agora tendo Cristiano de sócio.

O rock decaiu no gosto da juventude. Bandas não juntam público suficiente para pagar as contas. As casas tiveram que mudar seu foco para sobreviver. O funk entrou em campo e se tornou hegemônico.

O El Club foi o primeiro a cerrar as portas. A Diablo sai agora de cena. O Metrópolis tenta seguir focado em um outro perfil de público. Desejo sucesso. O Setor Sul deixou de ser o farol da novidade na balada de Goiânia. Segue o jogo.

Nesse final de semana, é sua última chance de curtir uma noite louca na Diablo. Com feriadão, aumenta a chance de você animar sair de casa, né? Sucesso ao Cristiano em suas novas empreitadas. A história Diablo é motivo de honra para todos que ali passaram. E tudo que vivemos lá é uma tatuagem na alma que seguirá conosco até o fim de nossos dias.

Valeu, Diablo!

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