O dia de ontem foi punk. Minha mulher e a filha caçula estão gripadas. Desde domingo apresentam sintomas. Depois de uma noite de tosse contínua de segunda para terça-feira, amanhecemos ontem em um consultório médico.
Entre a espera para a consulta de encaixe, espera para fazer os exames, espera para pegar os resultados e espera para voltar ao médico, gastamos praticamente o dia inteiro. Chegamos no local pouco depois das oito da manhã. Saímos de lá com a receita nas mãos por volta das quatro da tarde.
Se eu tivesse ficado o mesmo período na jardinagem em casa, disparadamente a atividade física que mais me desgasta, não estaria tão cansado hoje. Quando dei partida no carro em direção à farmácia, onde fiquei 200 reais mais pobre, parecia que um trator havia passado por cima de mim.
Não há nada mais entediante do que sala de espera de consultório médico. Um monte de gente debilitada pedindo peloamordedeus para que seu nome seja chamado. Na televisão, um loop infinito de comerciais chatos intercalados com notícias requentadas da internet. Não sei o que é pior: os programas insuportáveis da televisão aberta ou os comerciais com as notícias de anteontem. Saca aquela expressão entre o espeto e a brasa? Pois é.
Além do tédio, tem a dor nas costas. Por que diabos sempre colocam a cadeira mais desconfortável do mundo em um lugar onde você vai ficar sentado algumas horas? Tenho impressão que a resposta passa por uma questão logística. Só assim eles encaixam tanta gente sentada em um espaço tão diminuto. Claro, às custas da saúde de sua lombar.
Eu não sabia mais o que fazer para passar o tempo. Já tinha lido a revista que havia levado. Já tinha fuçado em todas as redes sociais. Já tinha entrado em todos os sites que costumo frequentar. Já tinha dormido sentado para desespero não só de minha lombar, como também da cervical. Já tinha brincado de adedonha com minha filha enferma. Fiz tudo isso e o relógio acabara de cruzar a fronteira das dez da manhã. Essa longa estrada da vida no consultório médico é de matar.
Cheguei em casa pouco depois das cinco da tarde. Morto de fome, morto de cansaço. Depois de organizar a agenda dos remédios delas para os próximos sete dias, fui tomar um banho para ver se me revigorava. Impossível. Eu precisava de boas horas de sono para me sentir bem novamente. Dormi cedo, mas não posso dizer que acordei zerado.
Ainda estou de ressaca do dia de espera no consultório médico. Tenho pavor das ressacas etílicas. Mas nessas, ao menos, há diversão enquanto nos embriagamos. A ressaca de hoje é pior. O dia anterior foi ruim, o de hoje também. Não há compensação.
Merece um Nobel quem criar uma maneira de tornar essa experiência sacal de espera nos consultórios menos traumática. Merece demais!
Tive essa malquista experiência anteontem! Realmente é um momento de demasiada tortura física e psíquica.