Na semana passada, viajei a trabalho para Alto Paraíso. Coisa rápida. Fomos na quarta-feira e retornamos na sexta. Tendo em vista que são várias e várias horas de estrada para vencer os quase 450 quilômetros, lembrando que é preciso cortar Brasília por dentro o que aumenta o tempo dentro do carro, tivemos basicamente a quinta como dia útil na cidade símbolo da Chapada dos Veadeiros. Pouco, é verdade. Mas o suficiente para um descanso mental nada desprezível.

Minha vida em Goiânia é exatamente como a sua. Sempre na correria, sempre preocupado com os boletos, sempre atrasado para o próximo compromisso, sempre esquecendo algo, sempre planejando uma folga que nunca chega, sempre sendo atropelado pelo calendário, sempre acordando com o sentimento de que meu corpo ainda pede mais três horas de cama.

Basicamente, estresse saindo de cada poro. Mas, de vez em quando, pinta uma viagem dessa a trabalho que me tira da rotina massacrante. Não posso negar o privilégio. Agradeço sempre essa oportunidade que a vida colocou em minha porta.

O ritmo da vida muda já na estrada. As sete horas de trajeto são um bom remédio que desanuvia a cabeça. Pista boa para os padrões goianos, quase sem buracos. Poucos caminhões transitando. Eu gosto de dirigir. Não gosto de dirigir em cidade com horário para tudo. No meu ritmo, sem afobação, conduzir um carro me diverte.

Ao dirigirmos sem a pressa normal dos dias úteis, somos brindados com as paisagens. O horizonte tem sua poesia. A vegetação do cerrado sua singularidade. O céu azul nos faz perder o fôlego. As nuvens em sua volatilidade mórfica completam a cena. Mix perfeito.

Chegando ao vilarejo de São Jorge, que pertence a Alto Paraíso, o trabalho nem parece trabalho. É claro que é diferente de quando estamos só pelo turismo. Mas não dá para reclamar dos compromissos profissionais. Quando penso no percentual da humanidade que goza dessa oportunidade, vejo que qualquer reclamação seria blasfêmia. Das mais ofensivas.

Escolhemos a cachoeira da Raizama para um passeio de registro de imagens. No final da trilha, um merecido mergulho. Água gelada. Gelada que você vai entrando aos poucos. Gelada que lhe faz pensar em desistir do mergulho. Gelada de geladeira. Mas que, depois de dentro e habituado à temperatura, sair é o desafio.

Mas é preciso sair. É preciso voltar à cidade. É preciso voltar ao estresse. A vida é dura. E muito pior se você for um imbecil. Os imbecis não se sensibilizam com essas nobres exceções de nossa rotina infernal. Um imbecil se conforma com a rotina infernal. Os imbecis merecem esse inferno. Eles são o inferno.

Por favor, nunca seja um imbecil. Não precisa. É desnecessário.

Afinal, nós sempre teremos Alto Paraíso.

Confira algumas imagens: 

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