Os remakes estão em alta no mercado cinematográfico. O da vez é o live-action de Rei Leão. Eu, como sujeito chato (e orgulhoso disso) que sou, é claro que não vou ver. Mais que isso: vou maldizer. Rabugice, você encontra aqui.

Quando Rei Leão estreou, em 1994, minha fase de desenhos Disney já havia passado. Eu tinha 15 anos de idade. Meus interesses navegavam em outros mares. Aprender tocar violão, os discos de estreia de Raimundos e Chico Science, as garotas de Saneamento da Escola Técnica Federal de Goiás e a campanha do tetra. Tudo isso atraía minha atenção mais do que a saga do leaõzinho.

Mas, mesmo com meu não interesse, era impossível passar incólume pelo filme. Rei Leão era onipresente. Tenho uma irmã seis anos mais nova, a Paola. Convivia diariamente com dois primos mais jovens, Yuri e Rayssa. Eles se ligavam no filme e isso reverberava em minha vida juvenil. A música de Elton John para a história tocava massivamente. Cercado por todos lados pelo Rei Leão, fiz o que todo adolescente que começa a receber doses estratosféricas de hormônios nas veias faria: xingava tudo e todos que falassem de Rei Leão. Meu passado não me condena, me orgulha.

Por isso não estou nada excitado com a nova estreia de Rei Leão. Por outro lado, não quer dizer que a indústria não consiga faturar meus minguados reais com a nefasta memória afetiva. De vez em quando, lá estou eu dando meu suado dinheiro para essa picaretagem. Sabe o live-action da Turma da Mônica? Pois é. Fui com a família inteira ao cinema.

Mas tento resistir. Dos clássicos pueris de minha infância que voltam à telona como remakes, me esforço para manter distância. Madrugada dos Mortos, Fantástica Fábrica de Chocolate, Cemitério Maldito, Mad Max… Não vi nenhum. E nem pretendo. As memórias dos anos imberbes existem para deixarmos quietinhas e empoeiradas, lá no fundo do baú. Mexer com isso só provoca rinite por conta do mofo.

Se Rei Leão faz parte de sua memória afetiva e você está doido para levar seu filho ao cinema, seja feliz. E esteja pronto para a frustração. Você não vai sentir aquele encantamento que teve ao assistir ao filme quando criança. Isso passou. E agora só lhe sobra a artrite e aquele maldito boleto atrasado. Vida adulta é assim.

Desculpe se sou o chato a lhe alertar para isso. Essa é minha função no mundo: frustrar expectativas e causar decepções. Minhas maiores virtudes.

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