Digna de inúmeros aplausos a iniciativa de Jânio Darrot em relação ao transporte coletivo da região metropolitana de Goiânia. O prefeito de Trindade e presidente da Câmara Deliberativa de Transportes Coletivos (CDTC) quer instituir uma taxa anual de cerca de 60 reais para cada veículo, pagos juntos do licenciamento, no intuito de constituir um fundo que custeie o transporte coletivo.
Impopular? Sem dúvidas. Ninguém aguenta mais pagar nada, ainda mais para o Estado. E exatamente por isso que tal iniciativa merece todos elogios. Por sua coragem. Como já sei que as porradas serão fartas, cabe a quem tem lucidez fazer a defesa. Tento aqui encarnar esse dever.
O discurso populista é fácil. Qualquer um com dois neurônios o faz. Todo real que sai de nosso bolso para os cofres públicos é dolorido. Mas, nesse caso específico, acho que 60 reais estão subestimados. Poderia ser o dobro.
Nas contas de Darrot, o valor por ele proposto seria capaz de levantar 250 milhões de reais anuais para ajudar no custeio do transporte coletivo. Acho pouco. Dá para o usuário do transporte individual arcar com mais.
No mundo civilizado é assim: quem anda de carro ajuda a pagar o conforto e a qualidade para quem anda de ônibus. O transporte individual é egoísta, poluente, congestionador de vias e pouco producente na dinâmica social das cidades. É direito de todos gozar dos benefícios de andar de carro. Mas que pague mais por isso, ajudando a viabilizar o transporte coletivo.
Em nenhum lugar decente o custeio dos ônibus vem só das passagens pagas pelos usuários. Sempre existe uma fonte alternativa para a manutenção do sistema. E a lógica mais apropriada é a solidariedade do usuário do transporte individual para com o do coletivo. Justíssimo.
Só teremos os ônibus em Goiânia andando do jeito que sonhamos se não faltar dinheiro para custear a qualidade. Para isso, precisamos de transparência nas planilhas por parte das empresas, fiscalização no cumprimento de metas e… dinheiro.
Que o populismo não ganhe nas discussões que serão travadas nos foros apropriados. A dignidade de quem anda de ônibus tem que se impor. Sei que é meio Pollyanna pedir maturidade no debate nos dias atuais, mas não custa tentar. Lutar por causas perdidas é comigo mesmo.
Siga em frente nessa batalha, Darrot.

Pablo Kossa é jornalista, produtor cultural e mestre em Comunicação pela UFG.