OpiniãoOQRTendência Pablo Kossa

Você ficou mais de dois meses inteiros ouvindo música no Spotify?

13 de dezembro de 2019 Nenhum Comentário

 

Semana passada, o Spotify liberou o balanço de 2019 dos usuários do aplicativo. Foi aquela onda de compartilhamentos nas redes sociais. Todo mundo querendo mostrar quanto tempo ficou ligado no serviço de streaming musical, quais artistas mais ouviu e todas as outras estatísticas fornecidas pelos caras. Trouxa que sou, fui na onda.

Meus números são impressionantes. Ao longo de 2019 (que ainda falta mais de duas semanas para ser sepultado, graças ao bom Pai), fiquei inacreditáveis 90.925 minutos ouvindo música. Em minutos, fica difícil dimensionar o tamanho da coisa. Isso representa 1.515 horas. Também conhecido como 63 dias. Ou seja, mais de dois meses de 2019 ouvindo música direto.

Detalhe não insignificante: só no Spotify. O tempo que ouço rádio no carro e os finais de semana acompanhado dos vinis rodando na vitrola não estão na conta.

É tempo pra cacete!

Minha vida tem uma trilha sonora contínua que só se interrompe, basicamente, enquanto durmo. E não pretendo mudar. Trabalho com som rolando. Faço exercícios com som rolando. Tomo banho com som rolando. Cozinho e lavo a louça com som rolando. Mexo no computador com som rolando.

A vida sem uma musiquinha no fundo não compensa. É chato e sem sentido demais acordar atrasado pro trampo, engolir alguma coisa, pegar congestionamento, morrer aos poucos no trabalho, comer no restaurante por quilo mais barato perto da firma e que você não aguenta mais nem o cheiro, voltar para morrer mais um pouco no período da tarde, chegar em casa sem ânimo para nada, ter dificuldade para pegar no sono, maldizer o alarme quando toca de manhã. E começar tudo de novo.

Qual o lucro obtido de tamanho esforço? O dinheiro durar até o meio do mês, na melhor das hipóteses, e ter que escolher qual boleto atrasar em cada semana. Já que essa coisa miserável chamada vida de pobre é assim, que ao menos a gente tenha uma trilha sonora para despressurizar um pouco.

O Spotify me informa que escutei 279 artistas diferentes em 2019. Nando Reis foi o recordista, com 51 horas de som. Culpa de Não sou nenhum Roberto, mas às vezes chego perto, disco inteiramente dedicado a versões de Roberto Carlos, e de Trinca de ases, álbum ao vivo em parceria com Gilberto Gil e Gal Costa. Ambos tiveram alta rotação em meu aplicativo.

D’Angelo também se destacou. Foram 43 horas só do artista que faz a mistura exata de soul e hip hop, do jeitinho que gosto.

E, pasme, 2019 não foi o meu recorde. Desde que aderi ao Spotify, 2017 foi o auge. Foram 95.908 minutos. Ou 1598 horas. Ou 66 dias.

Em 2020, pretendo superar esse patamar. Só assim para a vida ser um pouquinho mais divertida.

 

Pablo Kossa é jornalista, produtor cultural e mestre em comunicação pela Universidade Federal de Goiás

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