OpiniãoOQR Pablo Kossa

Frituras de Brasília

31 de janeiro de 2020 3 Comentários

Brasília é uma cidade relativamente nova. Tem quase 60 anos de idade. Como capital federal e novinha da silva, não desenvolveu sua culinária típica. Recebe gente dos quatro cantos do país. Quem chega traz seu prato típico e todas iguarias vão se somando, se adaptando, se moldando. Ouso dizer que, num momento de epifania, descobri que a fritura é a cara do quadradinho enfincado em Goiás. Tem frituras de todos os gostos, para todos os paladares. Dou alguns exemplos.

Marreco à Passarinho de Maringá – Petisco muito admirado no Paraná e que ganhou moral Brasil afora. Ao menos de gente que tem por hábito usar a camisa da Seleção Brasileira aos domingos. De comer pedindo escusas. Faz sucesso nos por quilo das dependências da Polícia Federal. Procuradores federais costumam degustá-lo antes de oferecer denúncias. O presidente já gostou mais. Quer devolver a fritura ao Paraná, mas lhe falta coragem.

Bebbiano à Milanesa – Esse era o preferido do presidente durante a campanha. Caía bem ao gosto do então deputado falastrão. Depois que venceu a eleição presidencial, a fritura passou do ponto, Carluxo teve uma indisposição ao comer (epa!) o prato e agora não marca mais presença nas refeições do Planalto.

Malta com Moqueca Capixaba – Uma fritura para quem tem fé. A aparência é canastrona. O conteúdo não convence. Mas já teve a preferência da família presidencial. Principalmente no momento da disputa eleitoral. Outros tempos. Em Brasília, não tem um centésimo do prestígio que tinha no Vivendas da Barra. Nas ruas de Vitória, o comentário é que quem come esse prato passa quatro anos destilando rancor.

Vem Traube à Moda da Casa – Para comer essa fritura tipicamente paulista tem que perder a educação. Ignorar a gramática. Se perder nos números. Abusar da grosseria e dos gracejos que não têm a menor graça. Não recomendado para estudantes. Perigosíssimo para quem vai prestar o Enem.

Costela Gaúcha em Fogo Baixo à la Onyx – Esse prato é para quem tem paciência e baixa autoestima. Ele tem que murchar, que esvaziar, que humilhar, que desprezar para atingir o ponto certo. Demora, tchê! Muitas vezes, você desiste de comer pelo tempo que leva no fogo. Mas uma hora chega no ponto de ser servido, ah, se chega!

Todos esses pratos típicos de Brasília têm um ponto em comum: a certeza da congestão alimentar. Comer ou não é por sua conta e risco. E quem avisa, amigo dos filhos é.

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