Janeiro de 2013. Eu e minha esposa estávamos passando férias na Califórnia. Desembarcamos em São Francisco, demos um rolê pelo norte do estado bebendo os vinhos da região e descemos para Los Angeles, de onde voltamos para Goiânia.
Como fazemos sempre que viajamos, a programação de todos os dias já estava definida antes mesmo de sairmos do Brasil. Organizando a agenda, vi que estava marcado um jogo do Los Angeles Lakers no período em que estaríamos na cidade que abriga Hollywood. Não vacilei. Gastei uma boa grana para comprar os ingressos. Excelente investimento.
Fui adolescente nos anos 1990, quando a febre da NBA chegou pesado no Brasil. Eu jogava basquete onde estudava. Era do time da Escola Técnica Federal de Goiás. Disputávamos a Copa Beg. O basquete foi o esporte com o qual a prática mais casou com meu perfil físico. A Bandeirantes transmitia os jogos do campeonato estadunidense. Eu assistia a todos. Sabia o nome dos jogadores, acompanhava os especiais, sonhava com aquele universo.
Depois que entrei na faculdade e os compromissos adultos atolaram minha vida, me distanciei do basquete. Mas a ida pela primeira vez aos Estados Unidos reacendeu a vontade de ver uma partida de basquete in loco, sentindo aquele ambiente. Eu compraria ingresso para ver qualquer jogo da NBA por conta dessa memória afetiva. Veio a calhar de ser o Lakers. Beleza.
Precavidos que somos, chegamos ao Staples Center para ver a partida contra o Milwaukee Bucks com boa antecedência. Jantamos em um dos restaurantes do complexo de diversão, perambulamos ao redor do local com mais gente fumando maconha do que num show do Planet Hemp.
Kobe Bryant era a grande estrela do Lakers. Eu não tinha a menor dimensão disso. Meu distanciamento do universo da NBA cobrava seu preço. Percebi a relevância de Kobe para a torcida quando entrou na quadra. Com sua camisa 24, ele esbanjava carisma. Era só sorrisos, acenos e simpatia. Ovação pouca é bobagem. E, ainda por cima, o cara jogava muito. Foi o cestinha da partida, com 31 pontos. O Lakers venceu por 104 a 88. As arquibancadas gritavam: “Kobe, Kobe, Kobe…”.
Fiquei impactado com a notícia de sua morte no último domingo. Triste demais. Ele foi um dos gigantes que o acaso permitiu que eu visse em ação. Sei do meu privilégio. E sou grato a isso.
Descanse em paz, Kobe.

Pablo Kossa é jornalista, produtor cultural e mestre em comunicação pela Universidade Federal de Goiás