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Atrás de cada número, uma história, vários amores e incontáveis lágrimas

28 de abril de 2020 Nenhum Comentário

Fiquei emocionado com a seção que a Folha de São Paulo criou para homenagear alguns brasileiros que, infelizmente, morreram devido à maldita covid-19. Chama-se Histórias de Vítimas do Novo Coronavírus (https://arte.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2020/historias-das-vitimas-do-novo-coronavirus/ ). A retranca diz tudo: Aqueles que perdemos. É muito importante contar um pouco de quem foi e o que fizeram todos que partiram nessa inglória batalha que a humanidade está enfrentando.

A gente brutaliza nossos sentimentos quando os números de mortos se avolumam. Vemos as estatísticas e nos esquecemos do que está por trás delas. No momento em que escrevo esse texto, na hora do almoço de terça-feira, dia 28/04, as estatísticas oficiais, segundo levantamento do Google, apontam 211 mil mortes no mundo. No Brasil, 4.555, sendo 26 dessas em Goiás. É gente pra cacete.

Matérias como essas que a Folha de São Paulo publica têm o mérito de humanizar aquilo que se apresenta como um mero dado. Traz vida para aquilo que é frio.

Por trás de cada um desses números reificadores, perdemos um oceano de sentimentos, sonhos, dores, conhecimentos, afetos, experiências… Toda a complexidade que está envolta em um ser humano. Aqui, multiplicado por 211 mil. Tudo por conta desse nefasto vírus.

Quantos familiares nunca mais poderão encontrar seus entes queridos em um almoço de domingo? Quantos amigos nunca mais verão aqueles que nutrem afeto para uma cerveja descompromissada, mandar um meme no WhatsApp ou desejar felicidades no dia do aniversário? Essa perda é de uma tristeza que toca o coração.

São pessoas que construíram suas histórias, passaram seus valores a seus filhos, cometeram seus erros, choraram por seus times em derrotas, se emocionaram com as conquistas dos netos, tinham uma pescaria marcada com o pai, brigaram no trabalho por causa de política, tinham passagens compradas para as próximas férias na praia… E agora estão nas páginas do jornal, com sua trajetória nos emocionando. Gente que a gente cruza todos os dias nas ruas. Pessoas que carregam todas essas histórias consigo. E que infelizmente nos deixaram.

Para cada ser humano que parte, a humanidade perde um infinito de experiências. A covid-19 já levou 211 mil infinitos de experiências. Para tentar minimizar essas perdas, fique em casa caso seja possível. Vamos tentar salvar vidas, vamos tentar salvar empregos, vamos tentar nos salvar. Não quero ser personagem de matérias tão bonitas quanto essas da Folha. Também não quero que você esteja por lá. Vamos nos cuidar, cuidar de quem amamos. Só assim a gente sai mais rápido dessa e retomamos as atividades que tanto nos são essenciais para nossa sobrevivência. Se cuide.

 

Pablo Kossa é jornalista, produtor cultural e mestre em comunicação pela Universidade Federal de Goiás

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