Após uma longa e destrutiva guerra entre ateus e religiosos, o planeta Terra foi destruído e se tornou incompatível com a vida. Como última esperança para a humanidade, doze embriões congelados são colocados em uma nave e enviados a um planeta distante para serem gerados e criados por andróides. Este é o enredo da nova série sensacional da HBO Raised By Wolves, que é dirigida e produzida por Ridley Scott.
A série lançada em 2020 no HBO MAX tem tudo o que podemos esperar de uma obra digna de ficção científica. A megera, destrutiva e perfeita tecnologia é representada pela personagem de Amanda Collin, a andróide chamada Mãe. E do outro lado do embate entre tecnologia e religião, está um líder narcisista e com manias de grandeza, representado por Travis Fimmel. Quem melhor poderia fazer um líder lunático do que o próprio ator de Ragnar?
Dessa vez Scott, como produtor da série e diretor dos primeiros episódios, não se preocupou em levantar a questão sobre a diferença entre humanos e andróides, como em Blade Runner. Pelo menos, não como ponto principal. A pergunta aqui não é se androides sonham com ovelhas elétricas ou não, mas qual dos lados é melhor. Razão ou emoção? Fé em milagres ou a certeza da tecnologia? Ou se é que existe um lado.
Scott decidiu dirigir os primeiros episódios da série para estabelecer uma linha de evolução dos personagens. Não poderia ter acertado mais. Raised By Wolves apresenta aquilo que chamam de personagens redondos, profundos, com crises existenciais e evolução comportamental que só os torna mais interessantes a cada episódio. Sem contar o protagonismo feminino marcante em toda a obra, o que particularmente, é o que mais me atrai no trabalho de Scott.
Enfim, a nova série da HBO tem tudo para desbancar o sucesso de Game Of Thrones e se tornar a mais nova queridinha dos fãs do gênero. Personagens intrigantes, cenas de violência e sexo, e um enredo empolgante que parece evocar a figura de um vilão misterioso, como o Rei da Noite para além da Muralha, mas dessa vez representado pelo Deus Sol. Qual o plano desse deus e qual sua relação com o planeta em que as personagens se encontram? Essas são questões que, ao meu ver, serão estendidas ao longo de muitas e muitas temporadas.