Paolo Guerrero foi confirmado como reforço do Internacional de Porto Alegre na última semana. Após término do contrato com o Flamengo, o peruano assinou até dezembro de 2021, com valores salariais (adicionados de pagamento de luvas, parceladas), que superam os R$800.000,00 mensais.

Tecnicamente, não há como discutir que o jogador um diferencial visível. Tem grande domínio de bola e visão de jogo. Com porte físico avantajado, é inteligente na leitura do jogo para abrir espaço aos companheiros. Diante de características tão versáteis, não é um grande goleador.

Nunca entregou no Flamengo, em seus três anos de Gávea, média maior que 0,45 por jogo.

Na Copa do Mundo, não fosse a teimosia de Ricardo Gareca em tê-lo poupado no primeiro jogo, talvez tivéssemos um Peru avançando para as oitavas de final da competição.

Guerrero chegou para ser o símbolo do novo Flamengo de Eduardo Bandeira de Mello. A Chapa Azul, que como o próprio nome sugere veio para corrigir os desmandos financeiros das épocas de Márcio Braga, Kleber Leite e Patrícia Amorim, trouxe equilíbrio financeiro para o time de maior torcida do Brasil. A capitalização de recursos foi maximizada ao passo que a austeridade trouxe uma diminuição sistemática das dívidas faraônicas do clube carioca. Administrativamente, um sucesso.

De outro lado, no aspecto desportivo, bateu cabeça. Trouxe o valorizado Rodrigo Caetano, executivo de futebol conhecido por investir em jogadores “medalhões”. O centroavante peruano, que ganhava perto de 1 milhão mensais, entregou poucos resultados, além de ter conquistado apenas um título carioca.

Além disso, houve a punição pelo suposto uso de metabólito da cocaína. Apesar da liberação momentânea para jogar, o caso está sub judice. E faltou sensibilidade a Guerrero na hora de conduzir sua renovação com o Flamengo. A frieza da relação comercial se sobrepôs à aposta do rubro negro, que conduziu toda a agonia do peruano da forma mais profissional possível.

O mesmo Rodrigo Caetano agora está no Internacional, clube que agora busca uma solidificação após o rebaixamento para a “Série B” e do retorno à “Série A”. O caminho já começou duvidoso. A diretoria justifica o alto investimento como um projeto de marketing a longo prazo.

Será que o impacto da contratação de Paolo Guerrero fará compensar toda e penumbra que ronda seu retorno dentro de campo? O planejamento de plantel do colorado, que já tem como atacantes Lucca, Jhonatan Alvez, Damião, Rossi, Pottker e Nico Lopez não ficará ameaçado pela chegada de mais um para a posição? E o vestiário? Haverá paz?

São muitas indagações. Muito também é o dinheiro investido. O bolso do clube gaúcho pode estar entrando numa furada homérica.

João Paulo Daher

 Advogado e cronista esportivo.

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